Dissertação - Tarine Silveira Silveira

Morfotipos do cocolitoforídeo gephyrocapsa como um proxy para temperatura de águas marinhas superficiais

Autor: Tarine Silveira Silveira (Currículo Lattes)

Resumo

Cocolitoforídeos são algas protistas, que vivem na zona fótica dos oceanos, em diferentes salinidades e temperaturas, sendo cosmopolitas. São também uns dos principais microfósseis utilizados em trabalhos paleoceanográficos. Conhecer os morfotipos de suas espécies é importante, pois são indicadores de condições ambientais específicas. Para o gênero Gephyrocapsa, por exemplo, são reconhecidos seismorfotipos, relacionados principalmente com a temperatura das águas superficiais. No entanto, a aplicabilidade dos morfotipos de Gephyrocapsa para a reconstituição deste parâmetro em trabalhos paleoceanográficos está comprometida pelo fato de que as descrições e fotografias destes são feitas ao microscópio eletrônico de varredura (MEV). No Brasil (e em muitos países) a análise quantitativa da assembléia fóssil é feita ao micrsoscópio ótico (MO) petrográfico, gerando imagens muito distintas das observadas ao MEV. Assi, estabelecer uma correspondência entre as imagens dos cocólitos geradas pelas diferentes microscopias é o objetivo deste trabalho. Foram utilizados sedimentos holocênicos de quatro testemunhos da porção offshore da Bacia de Pelotas. As amostras foram preparadas por dissolução e pipetagem, e secas sobre lâminas em placa aquecedora. Em cada amostra, 60 cocólitos foram medidos (a medição inclui a medida de maior comprimento do cocólito e o ângulo de inclinação da barra central), fotografados e classificados em morfotipos. Ao MO, foram utilizadas duas formas de medição, visando adequar a metodologia às imagens obtidas nessa microscopia. As proporções de morfotipos encontradas ao MEV e ao MO foram correlacionadas a partir da estatística soma de quadrados. As correlações encontradas foram consideradas baixas. Infelizmente não parece possível reconhecer com segurança os morfotipos de Gephyrocapsa ao MO, em função da diferença de imagem obtida nos dois tipos de microscopia. O MEV apresenta imagens claras dos cocólitos, possibilitando uma perfeita medição de comprimento e ângulo. No MO, as imagens correspondem à refração da luz nos cristais dos cocólitos, dificultando as medições, principalmente do ângulo. Ao analisar as paleotemperaturas calculadas a partir das proporções de morfotipos encontradas ao MEV e ao MO, discrepâncias muito grandes foram encontradas nos resultados, demonstrando a inviabilidade de utilizar este proxy em trabalhos realizados ao MO.

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Palavras-chave: OceanografiaPaleoceanografiaCocolitoforídeosAlgas protistasGephyrocapsaTemperatura