Dissertação - Eric Nardi

Análise da energética da Corrente do Brasil na região do Cone do Rio Grande

Autor: Eric Nardi (Currículo Lattes)

Resumo

A Corrente do Brasil, enquanto flui ao longo da costa Sul do Brasil, possui alta atividade de mesoescala. Frequentemente é observado sobre a região do Cone do Rio Grande, na Bacia de Pelotas, grande quantidade de atividade de mesoescala, com meandros e formação de vórtices, que influenciam na troca de água entre o oceano aberto e a plataforma continental. O presente trabalho mostra um estudo da influência desta feição batimétrica, o Cone do Rio Grande, sobre os processos de instabilidade da Corrente do Brasil. Foi utilizado, como ferramenta para esse estudo, a modelagem numérica, com simulações em uma grade de alta resolução (1/32°) contendo o Cone do Rio Grande, aninhada em uma simulação global de resolução menor. Para se entender o efeito que o Cone do Rio Grande causa sobre a Corrente do Brasil, foram criados dois experimentos: um experimento utiliza uma batimetria realística, e o outro contempla uma batimetria onde o Cone do Rio Grande foi artificialmente removido. Com os dados obtidos das simulações, utilizou-se da teoria energética para cál- culo das principais formas de energia dos oceanos, bem como dos diferentes termos que compõem as equações de balanço de cada forma de energia. A partir desses termos, é possível entender como ocorrem as conversões de uma forma de energia para ou- tra. Essas conversões estão diretamente ligadas com processos de instabilidade, sendo que uma instabilidade barotrópica envolve a conversão de energia cinética média para energia cinética turbulenta, e uma instabilidade baroclínica envolve conversão de ener- gia potencial média para turbulenta, que pode então se converter em energia cinética turbulenta. As quantidade de energia e as taxas de conversão foram quantificadas e compa- radas entre os dois experimentos numéricos, e constatou-se que o Cone do Rio Grande tem influência direta sobre os processos de conversão de energia na Corrente do Brasil. Quando a corrente passa sobre o Cone do Rio Grande, a energia do campo médio é con- vertida para o campo turbulento, tanto por conversão barotrópica quanto baroclínica e, de forma similar à Corrente do Golfo, qua já foi bastante estudada nesse aspecto, as conversões baroclínicas se mostram mais intensas. As altas taxas de conversão de energia na Corrente do Brasil, ao fluir pelo Cone do Rio Grande, sugerem que grande parte da atividade de mesoescala da região está associada a esta feição batimétrica.

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Palavras-chave: Corrente do BrasilCone do Rio GrandeEnergia cinéticaEnergia potencial