Tese - Rosa Maria Piccoli da Cunha

Informações oceanográficas do estuário da Laguna dos Patos avaliadas por geoprocessamento

Autor: Rosa Maria Piccoli da Cunha (Currículo Lattes)

Resumo

Resultados das pesquisas oceanográficas desenvolvidas no estuário da Laguna dos Patos das últimas décadas foram processadas utilizando as novas ferramentas de TI (tecnologias da informação), tendo por base as geotecnologias disponíveis entre elas os Sistemas de Informações Geográficas, que possibilitam o armazenamento, processamento, análise e recuperação de dados e na elaboração de uma Base de dados. Das informações disponíveis foram selecionados dados obtidos das pesquisas desenvolvidas sobre o tipo de fundo, qualidade da água e de informações históricas sobre as alterações decorrentes da construção dos molhes da Barra do Rio Grande, e através de inter-relações desenvolveu-se um banco de dados oceanográfico. Em todas as informações armazenadas foram aplicadas análises espaciais, geoestatísticas e de geoinformação. Nas amostras de sedimento coletadas do fundo do estuário foi aplicada Análise Fatorial Multivariada através de linguagem de programação específica, sendo posteriormente implementados os resultados no SIG. Cartas antigas da Barra do Rio Grande (BRG) foram digitalizadas e georreferenciadas sendo realizados cálculos de volume dos sedimentos localizados entre os molhes da Barra num período de 1883 a 1956, bem como verificado o deslocamento da Barra. Todas estas informações foram geoprocessadas e utilizadas para obter novos dados os quais podem, num primeiro momento, dar uma nova visão sobre os resultados obtidos através das técnicas convencionais e ao mesmo tempo estarem disponíveis para serem avaliados e utilizados na implementação de novas pesquisas na área sobre a hidrodinâmica e das modificações antrópicas. As variações anuais de volume revelam-se muito sensíveis à variabilidade anual dos agentes hidrodinâmicos, representados pelas correntes de vazantes e movimentos ondulatórios responsáveis pelo aporte e retirada de sedimentos do sistema, evidenciando-se que os fenômenos meteorológicos de El Niño de 1941 e de La Niña em 1917, influenciam respectivamente no aumento e diminuição do volume de sedimentos depositados na extremidade do Canal do Norte (CN) e da BRG. A periodicidade do vento do quadrante norte impõe regimes de vazante, reduzindo a salinidade, enquanto os ventos do quadrante sul no verão e outono propiciam a entrada de água do mar no estuário reduzindo os níveis de Material em Suspensão (MS), principalmente na região próxima ao Canal. Os resultados obtidos através de Krigagens mostraram que as concentrações de Material em Ssuspenssão (MS) na superfície da coluna d´água variam entre 5 e 300 mg/l ao norte. Ao sul a concentração média foi de 70 mg/l, sendo as áreas de maiores concentrações de MS são os baixios e bancos, causadas pela ressuspensão de material de fundo, devido a ação das ondas. Também através da Análise Fatorial verificou-se que as regiões de maiores concentrações de sedimentos finos são os baixios e bancos assim como os sedimentos muito finos como silte e argila encontram-se no fundo do canal, no estuário médio, região de baixa hidrodinâmica mais protegida dos ventos. É nesta região que ocorre o processo de floculação e posterior deposição do sedimento em suspensão. As amostras selecionadas por cada um dos 5 fatores mostraram que as quantidades de silte e argila são mais significativas nas regiões mais profundas dos canais, e na região do estuário médio, enquanto que nas zonas rasas a quantidade de areia é dominante. Nas margens e grandes bancos, existe forte hidrodinâmica provocada pelo regime de ventos, onde por ação de "lavagem" (winnowing), esse processo causa ressuspensão dos sedimentos pela ação das ondas impedindo o depósito de sedimentos finos, mantendo os grãos de areia média. Estas características são observadas no lado leste das Ilhas dos Marinheiros e da Torotama, áreas de constante erosão e na Região de Pelotas a areia média pode ser devido a herança geológica. O aporte de material vindo do canal São Gonçalo também foi identificado nas Krigagens de MS e dos sedimentos distribuídos no estuário com altas concentrações junto ao Canal São Gonçalo, ocasionando a formação de pluma de pequenas dimensões na margem oeste do estuário, direcionando-se para o norte quando os ventos são do quadrante sul e para o sul quando os ventos são de NE.

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