Dissertação - Luiz Henrique Oliveira da Silva

A INFLUÊNCIA DO DIPOLO SUBTROPICAL DO ATLÂNTICO SUL NA DINÂMICA DE RESSURGÊNCIA COSTEIRA AO LONGO DAS COSTAS SUDESTE-SUL DO BRASIL E SUDOESTE DA ÁFRICA
 
Autor: Luiz Henrique Oliveira da Silva
 
Resumo
 
A interação entre modos de variabilidade climática e a dinâmica de sistemas de ressurgência costeira vem sendo extensivamente estudada globalmente. Sabese que o modo climático conhecido como Dipolo Subtropical do Atlântico Sul (SASD) atua sobre o oceano Atlântico Sul modificando os campos de ventos próximos à superfície do oceano. Neste oceano encontram-se importantes sistemas de ressurgência costeira, tais como o Sistema de Ressurgência de Benguela (BUS), associado à corrente de Benguela na costa sudoeste do continente africano (SAC), e os sistemas de ressurgência de Cabo Frio e Cabo Santa Marta na costa sudeste-sul do Brasil (SBC). No sistema de Cabo Frio na SBC, os ventos de nordeste (favoráveis ao processo de ressurgência costeira) são intensificados em ambas as fases positiva e negativa do SASD, o que potencializa o bombeamento de Ekman e resulta em anomalias positivas na concentração superficial de clorofila-a. Na região do Cabo Santa Marta há uma intensificação do bombeamento de Ekman durante os eventos positivos do SASD. Contudo, em Cabo Santa Marta a resposta da concentração de clorofila-a às modificações da interação oceano-atmosfera não é direta, indicando ação de outros processos não abordados neste estudo, como o deságue de grandes rios e a proximidade com a Confluência Brasil-Malvinas. Na SAC a resposta para a fase positiva do SASD é dependente da latitude. Na porção norte do BUS (norte de 27ºS) o bombeamento de Ekman é intensificado devido ao incremento na velocidade dos ventos alísios de sudeste. Entretanto, esse incremento na velocidade do vento também intensifica a mistura turbulenta na coluna de água, o que faz com que o aumento na concentração de clorofila-a tenha um certo atraso em relação ao bombeamento de Ekman. Ao sul de 27ºS, a fase positiva do SASD resulta em um enfraquecimento na dinâmica de ressurgência, com consequente enfraquecimento no transporte de Ekman no sentido offshore. Durante a fase negativa do SASD na região da SAC destaca-se a interação entre a porção sul do BUS e os aneis das Agulhas. As anomalias negativas no fluxo líquido de calor na região indicam uma possível maior liberação de vórtices durante esse período. Este aumento na XIII liberação dos vórtices das Agulhas pode estar relacionada com a migração dos ventos de oeste para sul durante os eventos de SASD negativos, o que desloca a posição do rotacional nulo do estresse do vento sobre a superfície do mar em direção ao polo Sul. Entretanto, esta interação SASD-Agulhas carece de maiores estudos.