Dissertação - Julia Gil dos Santos

Estrutura vertical e variabilidade temporal de correntes na plataforma continental interna do sul do Brasil
 
Autor: Julia Gil dos Santos
 
Resumo
 
Este estudo investiga o impacto dos ventos, marés e descargas fluviais nas correntes costeiras e na variabilidade da salinidade da plataforma interna do sul do Brasil. Foram utilizados medições in situ coletadas por uma boia meteoceanográfica do Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta) durante 315 dias consecutivos, com início em Dezembro de 2016 à Outubro de 2017. A boia de monitoramento denominada RS05 está ancorada próxima a desembocadura da Lagoa dos Patos, conhecida como a maior laguna do mundo. A série temporal de correntes pode ser interpretada como uma soma de fluxos de alta variabilidade, correlacionada com a tensão do vento local e com um fluxo residual de alguns centímetros por segundo para sul, ao longo da costa. Correntes de maré foram predominantemente diurnas, mas desprezíveis, representando aproximadamente 1,7% da variabilidade total das correntes na região. Foi encontrado a predominância de ventos de noroeste e corrente de sudeste na plataforma interna, com fluxo intermitente de corrente, tanto na componente longitudinal como na transversal, devido às passagens de frentes meteorológicas. As análises espectrais para ambas as componentes de corrente apresentam padrões similares de frequências, o que indica a prevalência de eventos de alta energia em períodos de 3 a 10 dias, para toda a séries temporal. A corrente longitudinal é altamente correlacionada (r = 0.77, p<0,05) com o vento longitudinal, com defasagem temporal de 3 horas. Nas baixas (período> 40h) e altas (período <40h) frequências, as defasagens temporais foram de 5 e 3 horas, respectivamente, com correlações de 0,83 (p <0,05) e 0,65 (p <0,05). As análises de ondeletas mostraram que eventos de alta energia na componente longitudinal do estresse do vento são mais comuns entre agosto a outubro, mas pouco frequentes entre fevereiro e março, com padrões similares nas correntes superficiais e salinidade. Foi observado um decaimento na salinidade superficial durante o inverno devido a eventos de alta vazão da Lagoa dos Patos. A salinidade média diária correlacionou-se negativamente com a vazão da Lagoa de Patos, mas parte de sua variabilidade está associada à intrusão da pluma da Lagoa de Patos e a passagens de frentes meteorológicas sobre a plataforma interna.