Tese - Ana Carolina Oliveira dos Santos

TECTÔNICA GRAVITACIONAL NO CONE DO RIO GRANDE, BACIA DE PELOTAS (RS)

Autor: Ana Carolina Oliveira dos Santos

Resumo:

O Cone do Rio Grande, uma das principais feições deposicionais da Plataforma e Talude Continental da Bacia de Pelotas, ainda é muito pouco conhecido acerca de sua compartimentação estrutural. Essa pesquisa objetivou preencher a lacuna sobre a natureza geológico-estrutural do Cone do Rio Grande. A partir de dados geofísicos, as principais estruturas de caráter regional e as características  estruturais, estratigráficas e geomorfológicas da Plataforma e Talude Continental na Bacia de Pelotas foram investigadas, bem como desenvolvido um modelo geológico-estrutural regional para o Cone do Rio Grande. Nesta região, a atuação de uma tectônica gravitacional em estruturas rasas de transporte gravitacional de massa (shallow landslide) e estruturas profundas de escorregamento rotacional (deep-seated slump) apresenta registros até o Recente. A compartimentação estrutural na região do Cone é controlada por uma “tectônica extensional” e por uma “tectônica compressional”, as quais constituem os 2 (dois) domínios extremos de uma mesma estrutura de escorregamento rotacional profundo (deep-seated slump). A superfície de descolamento (falha) profunda origina-se na borda do talude, a partir da falha lístrica principal, e provoca o deslizamento e a rotação (slump) das unidades estratigráficas superiores em direção à base do talude (deep-seated landslide). Essa superfície prolonga-se até a falha inversa na base do talude e pode ser traçada por mais de 100 km ao longo do mergulho. O escorregamento gravitacional profundo (deep-seated slump), de natureza rotacional, também é responsável pela geometria do Talude Continental na cunha, formada por 2 degraus. A tectônica gravitacional profunda no Cone do Rio Grande iniciou-se após a formação da cunha de mar baixo (cmb) e a definição da superfície transgressiva (st), com a deposição do Trato de Sistema Transgressivo (TST) durante o Mioceno Superior (< 11 Ma). A análise a partir dos dados sísmicos e potenciais demonstra que o sentido do deslizamento na região do Cone do Rio Grande é condicionado pela geometria do embasamento da PCRS (Escudo Sul-Rio-Grandense). O estudo proposto permitiu concluir que existem dois fatores desencadeantes para os processos tectônicos observados na Bacia de Pelotas, principalmente no Cone do Rio Grande: i) subsidência e ii) pressão nos poros dos sedimentos; e que estes processos devem estar se propagando lateralmente, do depocentro em direção à costa da Bacia de Pelotas, sendo estes também responsáveis por deslizamentos menos expressivos nas laterais da cunha deposicional.

Texto completo: Tese_AnaCarolinaSantos_VersoFinal.pdf