Dissertação - Andres Eloy Piñango Jauregui

Carbono antropogênico, acidificação oceânica e outras mudanças do sistema carbonato no Atlântico Sul

Autor: Andres Eloy Piñango Jauregui (Currículo Lattes)

Resumo

As atividades humanas desenvolvidas desde a revolução industrial até hoje originaram o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera nos últimos 270 anos em mais de 150 ppm. Os oceanos desempenham um papel importante no equilíbrio do ciclo do carbono, absorvendo ~25% das emissões antropogênicas. No entanto, múltiplas perturbações químicas, entre as quais se destacam a diminuição do pH e da concentração de CO3 -2 , surgiram como consequência desta captação anormal de carbono, com o potencial de afetar negativamente ecossistemas inteiros. No oceano Atlântico Sul a camada influenciada pelo vento é ventilada através da formação de massas de água que ocupam as camadas central e intermediária. Por meio dos processos de formação de massa de água, o carbono antropogênico (Cant) é introduzido no interior do oceano, o que, por sua vez, torna a região do Atlântico Sul vulnerável ao processo de acidificação. A concentração de Cant e a acidificação associada já foram estimadas para algumas seções hidrográficas específicas na região desde a década de 1980, sendo ainda necessário uma avaliação abrangente em toda a bacia do oceano Atlântico Sul. Neste estudo, quantificamos as taxas de acumulação de Cant e examinamos as mudanças nas propriedades do sistema carbonato para o Atlântico Sul usando um método modificado de regressão linear múltipla estendida ao longo de seis seções de repetição hidrográfica presentes no banco de dados GLODAPv2.2020. Uma mudança média no inventário de Cant de 0,71 ± 0,35 mol C m−2 ano−1 foi encontrada de 1989 a 2019. Taxas de acumulação de Cant de 0,89 ± 0,33 μmol kg−1 ano−1 e 0,30 ± 0,29 μmol kg−1 ano−1 foram observadas nas águas centrais e intermediárias da área de estudo, acompanhadas por taxas de acidificação de −0,0020 ± 0,0007 unidades de pH ano−1 e −0,0009 ± 0,0009 unidades de pH ano−1 , respetivamente. Além disso, um aumento da remineralização da matéria orgânica nas águas intermediárias foi observado, amplificando a acidificação dessa massa de água, principalmente na costa africana ao longo de 25°S. Este aumento de carbono inorgânico dissolvido está provavelmente relacionado ao aumento da atividade biológica, juntamente com mudanças na dinâmica de entrada de águas oriundas do oceano Índico. Assumindo que não haja mudanças nas tendências observadas, as águas intermediárias (água centrais na margem leste) se tornarão insaturadas em aragonita em ~70 anos (~20 anos).

TEXTO COMPLETO: Dissertao_final_Andres.pdf