Tese - Juliana de Freitas Gonçalves

Processos de fertilização e a influência da dinâmica de fundo sobre o registro de cocolitoforídeos na Bacia de Pelotas nos últimos 47 mil anos

Autor: Juliana de Freitas Gonçalves (Currículo Lates)

Resumo

Baseado no registro de cocolitoforídeos e em análises geoquímicas nos sedimentos do testemunho SIS 188, recuperado do talude da Bacia de Pelotas, este estudo buscou compreender quais mecanismos de fertilização são preponderantes sobre a produtividade primária oceânica, e quais são os processos oceanográficos que a regulam ao longo dos eventos climáticos marcantes do Quaternário tardio. A relação entre a deposição de carbonato e da matéria orgânica com a produtividade e com processos oceanográficos de fundo foi estabelecida, no intuito de esclarecer quais fatores são responsáveis pela regulação da bomba biológica nesta Bacia, que possui uma dinâmica de fundo complexa. O testemunho analisado abrange os Estágios Isotópicos Marinhos 1, 2 e 3. O registro demonstra que a produtividade esteve relacionada à insolação (com predominância do ciclo da precessão) e aos processos atmosféricos que influenciam a dinâmica oceânica. Durante o período glacial (EIM 3 e 2), os intervalos de maior produtividade estiveram associados à expansão do sistema de ressurgência na região do Cabo de Santa Marta, impulsionado pelos ventos de nordeste. As espécies Florisphaera profunda, habitante da zona fótica inferior, Emiliania huxleyi e Gephyrocapsa spp. dominam a associação ao longo de todo o intervalo. As ocorrências secundárias de Calcidiscus leptoporus, Helicosphaera spp. e Coccolithus pelagicus (as quais possuem afinidade com condições de ressurgência) e Umbilicosphaera spp. (que apresenta preferência por ambientes oligotróficos e coluna d´água estratificada) auxiliaram na interpretação da produtividade. Os cocolitoforídeos contribuíram para a transferência de carbonato e matéria orgânica para o fundo oceânico, entretanto, especialmente durante o EIM 3, a deposição de carbono orgânico parece ser controlada principalmente pelas propriedades químicas das massas de água de fundo. Durante o EIM 3, a associação de cocólitos também é influenciada pela velocidade da corrente de fundo, que os transporta juntamente com os sedimentos. As condições de fundo mudam durante o EIM 2, permitindo o acúmulo de cocólitos, CaCO3 e COT. Entretanto, o intervalo de maior produtividade registrado no testemunho é o Holoceno inicial, durante o EIM 1, justamente quando a ressurgência esteve atenuada. Este aumento substancial da produtividade é atribuído a processos retardatários resultantes da diminuição do nível do mar ocorrida durante o Último Máximo Glacial.

TEXTO COMPLETO: Tese_final__Juliana_Gonalves.pdf