Dissertação - Luana Freire da Silva

Influência do índice de radiação ultravioleta e salinidade na degradação de microplásticos

Autor: Luana Freire da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

O crescimento populacional humano acelerou a geração de resíduos sólidos, dos quais, uma porção expressiva, é descartada inadequadamente. Por consequência, poluem os ambientes aquáticos causando prejuízos alarmantes à biota. Dentre esses resíduos, os plásticos são os principais tipos de materiais presentes nos ecossistemas, principalmente em sua fração micro (< 5 mm). Os microplásticos (MPs), uma vez no ambiente aquático, estão constantemente sendo submetidos a processos degradativos, podendo sofrer influências extrínsico(fatores ambientais e tempo de exposição a eles) e íntrinseco (tipo de polímero o qual o material é composto). Desta forma, o objetivo do presente estudo foi analisar a influência dos fatores ambientais índice ultravioleta (UVI) e salinidade no processo degradativo dos MPs, considerando a composição polimérica. Para isso, MPs derivados de produtos à base dos polímeros polipropileno (PP), poliestireno (PS) e etileno acetato de vinila (EVA) foram manufaturados e, posteriormente, submetidos à fotodegradação acelerada, em diferentes tempos de exposição à radiação UV (Dose A – 2 horas, Dose B - 8 horas, Dose C - 30 horas), estando submersos em água destilada (Dose A, B e C). Além disso, a influência da salinidade foi testada utilizando água marinha artificial ao mesmo tempo em que ocorria a exposição à radiação UV (Dose D – 8 horas e salinidade 35). Os padrões degradativos foram avaliados combinando os dados de perda de massa (%), mudanças na superfície (surgimento de buracos, fissuras e rachaduras) e análises térmicas. Esses dados foram obtidos, respectivamente, pelo uso de balança analítica, microscopia eletrônica de varredura (MEV), analisador termogravimétrico (TGA) e calorímetro diferencial de varredura (DSC). A degradação foi completamente influenciada pelo tipo de polímero. As mudanças térmicas foram maiores nos MPs de PS (principalmente em 8 horas de exposição) e nos de EVA (diminuição das temperaturas de degradação inicial de acordo com o aumento da dosagem de UV). Quanto à cristalinidade, o PP e EVA apresentaram comportamentos divergentes pois, respectivamente, houve crescimento e decrescimento dessa característica. A perda de massa ocorreu em todos os polímeros, porém, a maior foi detectada no PS, sendo o menor valor na Dose C. Evidências físicas de degradação foram xvi presentes mais frequentemente no EVA e PS, por meio de buracos e descamações, porém todos os polímeros mudaram superficialmente com maior intensidade na dose C. A salinidade influenciou o processo degradativo devido à diminuição da cristalinidade do EVA. Por outro lado houve aumento desse fator para o PP nessas mesmas condições. Além disso, a perda de massa do PS e do EVA foram retardadas na água do mar simulada. Quanto ao índice UV, para efeitos comparativos, as doses de exposição em laboratório foram convertidas para valores de UVI ambiental (índice UV). Com isso, observou-se que a localização geográfica em que os MPs se encontram também pode vir a influenciar em sua taxa de degradação, devendo este ser considerado, juntamente com os demais fatores ambientais, na interpretação dos estudos de fotodegradação.

TEXTO COMPLETO: Dissertao_final_Luana.pdf