Tese - Paulo Victor de Araújo Brito Lisboa

Transporte de Sedimento na Região Central da Plataforma Interna do Atlântico Sul

Autor: Paulo Victor de Araújo Brito Lisboa (Currículo Lattes)

Resumo

A Plataforma Continental do Atlântico Sudoeste é uma das maiores plataformas continentais do Hemisfério Sul e uma das mais importantes na produção biológica, devido à grande contribuição continental exercida tanto pelo Rio da Prata quanto pela Lagoa dos Patos. Estudos na região mostram que esses rios são significativamente afetados pelo efeito do El Niño – Oscilação Sul (ENOS), que pode interferir expressivamente na disponibilidade de material em suspensão inserido na região costeira. Apesar do grande esforço de diversos autores para compreender esses processos, algumas questões permanecem sem resposta. Assim, este trabalho visa preencher essa lacuna, respondendo a questões relacionadas à contribuição do sedimento de origem continental e seu comportamento na Plataforma Interna do Atlântico Sudoeste. O comportamento do sedimento em suspensão foi investigado com o auxílio do modelo hidromorfodinâmico TELEMAC-3D, através de 3 simulações devidamente calibrada e validada: uma representando anos normais, ou seja, sem o efeito do ENSO (2005-2006), outro experimentando o efeito do ENSO (2008-2009) e uma terceira simulação de longo prazo (2005-2012) para analisar os processos de deposição e evolução do fundo. Os resultados foram baseados em análises estatísticas, como Ondaletas e Análise Empírica da Função Ortogonal (EOF), além de séries temporais. Os resultados mostram que a Plataforma Interna do Atlântico Sudoeste é influenciada principalmente pela descarga fluvial do Rio da Prata e da Lagoa dos Patos, e pelo vento local. Além disso, a análise dos resultados da taxa exportação de sedimento para a plataforma interna mostra que o Rio da Prata é o maior exportador de sedimentos em suspensão da região, com uma taxa aproximada de 1,2x108 ton/ano em anos neutros (normais) e 3,0x108 ton/ano em anos sob influência do ENOS (fase quente e fria). Já a Lagoa dos Patos exporta aproximadamente 1,25x107 ton/ano no período sem o efeito ENOS e 1,35x107 ton/ano no período influenciado pelo ENOS. Os resultados também mostram que a descarga fluvial e o vento interagem com o sedimento em escalas sazonais a interanuais e sinóticas, respectivamente. Sobre a evolução de fundo, os resultados mostram que a Plataforma Interna do Atlântico Sudoeste tem um comportamento deposicional, apesar da presença de alguma área erosivas. Além disso, ficou evidente a influência do ENSO no fluxo de deposição na plataforma, refletindo na taxa de sedimentação, que variou desde 50mm/ano até 120mm/ano. 

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