Dissertação - Paco Luisyn Quintana Effio

Variação sazonal da capacidade tampão do pH no sul do estuário da Lagoa dos Patos

Autor: Paco Luisyn Quintana Effio (Currículo Lattes)

Resumo

Estudos precedentes mostraram que os ecossistemas costeiros estão experimentando uma ampla variação de pH entre -0,023 a 0,023 unidades de pH por ano, sendo suscetíveis principalmente a condições de acidificação ou basificação. Essa variabilidade está predominantemente associada ao metabolismo dos ecossistemas e à influência dos ambientes oceânicos e fluviais, como ocorre no sistema subtropical do estuário da Lagoa dos Patos (PLE, sul do Brasil), cuja variabilidade biogeoquímica é governada principalmente por processos de dissolução e concentração de sais. Este estudo analisou e quantificou, pela primeira vez, as mudanças sazonais do tamponamento do pH nas zonas interna e externa do PLE através de diferentes abordagens: (i) a variabilidade temporal dos parâmetros do sistema carbonato, (ii) o fator de sensibilidade do parâmetro (taxa de mudança de um componente específico do sistema de carbonato pela alteração de outro), (iii) a capacidade tampão do pH para mudança fracionária de carbono inorgânico dissolvido (DIC), (vi) a salinidade máxima da acidificação estuarina (MEA) e (vi) os parâmetros controladores ou drivers sazonais de pH (temperatura, salinidade, DIC e alcalinidade total - TA). Um monitoramento superficial da TA, pH e parâmetros físico-químicos foi realizado de maio de 2017 a novembro de 2022. DIC e outras variáveis do sistema de carbonato foram estimadas usando o pacote Seacarb do software R e a ferramenta macro do Excel CO2Sys. Os resultados não mostraram disparidade sazonal no pH e DIC na zona externa, ao contrário da zona interna que registou uma variabilidade significativa principalmente entre verão e inverno. Durante o inverno, houve uma dissolução predominante de CaCO3 devido ao aporte fluvial com baixo tamponamento. No entanto, a zona interna apresentou um maior DIC em baixa salinidade associada a seu valor mais alto da salinidade de máxima acidificação estuarina (MEA), onde o efeito das adições de CO2 no pH diminui à medida que se afasta da salinidade da MEA. A dinâmica mensal do DIC em ambas zonas esteve principalmente relacionada com a variabilidade da salinidade, com influência predominante de janeiro a julho, enquanto a influência da variabilidade da clorofila-a prevaleceu durante os meses de alta descarga de água. O influxo de água doce determinou a disparidade sazonal da influência de cada driver ambiental na variabilidade do pH. Um efeito uniforme de cada driver foi observado no outono, em contraste com o verão, quando a mudança de pH foi associada principalmente ao efeito negativo do aumento da DIC, regulado pelo aumento da TA. As condições de subsaturação da aragonita em salinidade média e alta suportam a premissa de uma capacidade tampão moderada-baixa no baixo estuário da lagoa Dos Patos.

TEXTO COMPLETO

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