Dissertação - Thiago Britto Rodrigues

Diversidade de raias (Myliobatiformes) fósseis da planície costeira do Rio Grande do Sul (Quaternário)

Autor: Thiago Britto Rodrigues (Currículo Lattes)

Resumo

Os Condrictes, grupo de peixes cartilaginosos que engloba tubarões, raias e quimeras, possuem um registro fóssil notadamente limitado em comparação com outros grupos taxonômicos, devido à natureza predominantemente cartilaginosa de sua estrutura esquelética. Entre as estruturas anatômicas com maior propensão à fossilização, destacam-se os dentes, espinhos cefálicos, dentículos dérmicos, nadadeiras e ferrões. Os Myliobatiformes, que constituem um clado derivado das raias, caracterizam-se por serem vivíparos e exibirem um espinho caudal serrilhado distintivo, sendo que algumas espécies também apresentam placas dentárias hexagonais. Estes organismos marinhos são distribuídos em diversas regiões do mundo, predominantemente em zonas costeiras. Este estudo tem como objetivo aprofundar a compreensão da biodiversidade e paleoecologia das regiões costeiras e oceânicas do sul do Brasil durante o Período Quaternário, focalizando a análise de fósseis pertencentes à ordem Myliobatiformes, com especial ênfase nas placas dentárias e ferrões, provenientes dos depósitos biodetríticos das praias dos Concheiros e Hermenegildo, em Santa Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul, Brasil. Inicialmente, realizou-se a localização específica na arcada dentária das raias do referido dente fóssil, distinguindo entre as porções superior e inferior, bem como sua posição relativa na placa dentária, categorizada como anterior ou posterior. Um total de seis táxons foram identificados por meio da análise de dentes fósseis, incluindo espécimes de Myliobatis ridens, Myliobatis freminvillei, Myliobatis goodei e Myliobatis sp., constituindo o primeiro registro fóssil destes táxons para o Pleistoceno do Brasil. A grande maioria dos dentes fósseis analisados não pôde ser identificada a nível de espécie, sendo passível de categorização apenas a nível de gênero. Adicionalmente, foram descritos nove ferrões fósseis cujas características indicam uma associação com os Myliobatiformes. Os resultados deste estudo evidenciaram que os táxons fósseis identificados apresentam semelhanças significativas com suas contrapartes modernas que habitam a região oeste do Oceano Atlântico, atualmente consideradas comuns nesse contexto geográfico. Entretanto, a espécie mais comum em registro fóssil, M. ridens, é de clima subtropical, diferente do que ocorre atualmente. Dessa forma, esta pesquisa contribuiu para a ampliação do conhecimento sobre a ocorrência de espécies fósseis no litoral sul do Brasil, ao mesmo tempo que confirmou a ocorrência das populações de M. ridens, M. freminvillei e M. goodei durante o Quaternário.

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Palavras-chave: CondrictesPaleoictiologiaTaxonomiaPaleoambientesRaiasBiodiversidadePaleoecologiaPaleontologiaSanta Vitória do Palmar (RS)Rio Grande do SulZona costeiraFósseisMyliobatiformes