MUDANÇAS RELATIVAS NO NÍVEL DE BASE E EVOLUÇÃO RESULTANTE DE UM SISTEMA LAGUNAR HOLOCÊNICO NO EXTREMO SUL DO BRASIL
Autor: Veridiana Oliveira dos Santos (Currículo Lattes)
Resumo
Lagoas costeiras estão presentes em muitas costas ao redor do mundo, em uma grande variedade de configurações ambientais, sendo mais comuns em regiões de micromaré, como ocorre na costa sul do Brasil, leste americana, sudeste da Austrália e oeste da África. Entre os processos que contribuem para sua formação estão as variações do nível relativo do mar (NRM), a disponibilidade sedimentar, o clima, a amplitude de marés e a ocorrência de tempestades e processos eólicos e fluviais que podem acelerar processos de colmatação, extinguindo estes corpos de água ao longo do tempo. Estes sistemas lagunares, por vezes associados a barreiras costeiras, surgiram no Holoceno no hemisfério sul no final da Transgressão Marinha Pós-glacial. Para a costa brasileira, o nível do mar atingiu entre 2-5 metros (~5.6ka), estabilizando e caindo a partir de então. Lagoas costeiras podem ser um bom registro dessas flutuações, pois cordões praiais lagunares registram os momentos de estabilização dos níveis de base e, portanto, do NRM. Além disso, podem conter informações através do registro de variações de curto prazo (diárias a sazonais) do nível de base da lagoa. O objetivo do trabalho foi identificar variações nos níveis de base de uma paleolagoa (aqui denominada Paleolagoa do Estreito) localizada na parte centrosul da Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS), hoje quase que totalmente colmatada, delinear seus antigos limites e elaborar um modelo evolutivo desta ao longo do Holoceno comparando com as variações regionais do nrm. Utilizando dados de radar de penetração do solo (RPS), imagens de satélite, dados topográficos e datação por luminescência opticamente estimulada (LOE), obtevese o registro detalhado dos últimos 2.45 ka, identificando diferentes níveis de estabilização dos cordões lagunares, que concordam de modo geral com as curvas de variação para a região, apresentando porém pulsos progradacionais e uma oscilação de alta frequência onde o nível de base da lagoa subiu cerca de 0.54 centímetros. Além disso, foi observado que os limites desta paleolagoa se estendiam a SE e NW, sendo o rebaixamento do nível de base e os processos sedimentares eólicos responsáveis pelo fechamento desta.
Palavras-Chave: Holoceno; Cordões de praias lagunares; Evolução lagunar; LOE; GPR.