Ciclones Extratropicais no Sudoeste do Oceano Atlântico: Análise Temporal e Relações com Ondas de Calor Marinhas
Autor: Carina Klug Padilha Reinke (Currículo Lattes)
Resumo
Os ciclones extratropicais são responsáveis por precipitações intensas, ventos fortes e condições adversas em regiões costeiras, podendo também trazer perigo à navegação em latitudes médias. Seus impactos econômicos e sociais motivam a pesquisa sobre sua estrutura, climatologia e alterações ao longo dos anos. Em um ambiente de elevação da temperatura da superfície do mar (TSM), estudos indicam que os processos de troca na interface oceano-atmosfera podem ser alterados, modificando os fluxos de calor e influenciando na intensidade e na frequência de ciclones extratropicais localmente. Análises de eventos específicos confirmam que a TSM elevada pode intensificar ciclones extratropicais, pré-condicionando o ambiente para o seu desenvolvimento mais intenso. Além disso, as ondas de calor marinhas (MHW), que são prolongados períodos de TSM anomalamente elevada, tem sido relacionada a condições atmosféricas predominantes, principalmente a bloqueios atmosféricos. Esse trabalho analisa a tendência e variabilidade de ocorrência de ciclones extratropicais e as características e tendências de ocorrência de MHWs, estabelecendo uma relação estatística entre ambos, para compreender o papel das MHWs no desenvolvimento e intensificação de ciclones extratropicais. Para a compreensão da tendência e variabilidade dos ciclones extratropicais foi disponibilizado um programa de identificação e rastreamento de ciclones extratropicais, a partir da vorticidade relativa em 850 hPa, identificando os ciclones como áreas com valores abaixo do limite estabelecido. Pela análise da variabilidade, picos de energia em períodos de 2 a 3 anos, 5 anos, 8 e 10 anos foram encontrados. Com relação às características das MHWs no Sudoeste do Oceano Atlântico, foi encontrada uma área de eventos mais intensos e prolongados entre 37,5°S e 45°S de latitude e 50°W e 55°W de longitude, que pode estar relacionada com o deslocamento da Confluência Brasil-Malvinas. Além disso, a identificação do número de dias com MHWs por ano na área mostrou aumento, especialmente nos últimos 21 anos. Apenas 30% dos eventos de MHWs no Sudoeste do Oceano Atlântico terminaram com ciclones extratropicais e a relação entre os dias com MHW e dias com ciclone extratropical foi fraca nos 42 anos de estudo. Por outro lado, observando a TSM durante o desenvolvimento dos eventos mais intensos de ciclones extratropicais da costa do sul do Brasil e Uruguai, a influência da TSM anomalamente elevada mostrou-se desnecessária para a intensificação, embora casos isolados podem ter uma contribuição mais significativa da TSM extrema para o seu desenvolvimento.