Dissertação - Ana Carolina Soares Farias

MODELAGEM DAS POTENCIAIS ROTAS DE ORIGEM DE MACROPLÁSTICOS MARINHOS DEPOSITADOS NA PRAIA DO CASSINO, RIO GRANDE, RS

ANA CAROLINA SOARES FARIAS (Currículo Lattes)

Resumo: A Praia do Cassino, localizada no extremo sul do Brasil, possui 220 km de extensão costeira e é significativamente influenciada pela urbanização, pesca, agricultura, indústria e atividades portuárias, bem como pela proximidade com o estuário da Lagoa dos Patos. Essas características tornam a região particularmente vulnerável à poluição plástica. Neste estudo, as potenciais rotas de origem de macroplásticos encalhados, aqui subdivididas em marinha e estuarina, foram investigadas durante o verão e inverno de 2016. Dois locais distintos na Praia de Cassino foram escolhidos para análise, baseados em dados pré-existentes de monitoramento de resíduos realizados na mesma praia: um próximo (3-5 km de distância) e outro mais afastado (~40 km de distância) da desembocadura do estuário e do centro urbano. Uma abordagem de rastreamento de partículas antecedente (backward, em inglês) foi empregada, combinando o modelo TELEMAC-3D, para simular a hidrodinâmica ambiental, com o modelo TrackMPD, para rastrear a dispersão antecedente dos macroplásticos. O modelo hidrodinâmico utilizado foi previamente calibrado e validado, e um experimento com de boias de deriva foi realizado para a validação do TrackMPD, indicando boa reprodutibilidade da realidade. Os resultados sugerem que os detritos marinhos, semelhantes às partículas simuladas (folhas de polietileno de baixa densidade de 0,8 m de comprimento), encalhados nos dois locais têm origens distintas. Os detritos encontrados próximos à desembocadura do estuário da Lagoa dos Patos foram predominantemente provenientes do próprio estuário, com pouca variação sazonal: no verão, 75% dos detritos tinham essa origem, enquanto no inverno esse valor aumentou para 95%. Já os detritos coletados no local remoto apresentaram variações sazonais em suas origens: durante o verão, a maioria (57%) teve, como principal fonte, regiões marinhas associadas a atividades pesqueiras, na plataforma continental adjacente à praia e; no inverno, a maior parte (98%) apresentou origem marinha, sendo principalmente transportados do setor nordeste da região costeira do Atlântico Sul. O estudo destacou o potencial de combinar a modelagem numérica com dados de amostragem in situ para investigar as origens de macroplásticos. Enquanto os dados in situ fornecem informações detalhadas sobre as características físicas dos materiais, a modelagem numérica antecedente complementa essa análise ao revelar as rotas aquáticas percorridas pelos plásticos antes de encalharem, bem como a influência das variáveis hidrodinâmicas nesse transporte. Palavras-chave: detritos marinhos, plástico, macroplástico, modelagem numérica, praia, estuário, laguna costeira.

TEXTO COMPLETO