Dissertação - Natália Dias de Carvalho

TENDÊNCIAS DA LINHA DE COSTA EM MÉDIO E CURTO PRAZO PARA PROJEÇÃO DE CENÁRIOS FUTUROS

NATÁLIA DIAS DE CARVALHO (Currículo Lattes)

Resumo: Nas últimas décadas, flutuações no nível do mar global devido às mudanças climáticas e seus efeitos associados nas linhas de costa (LC) vêm sendo discutidas de forma ampla dentro da comunidade científica, principalmente ao que tange a erosão costeira. Áreas de menor declividade, como a planície costeira do Rio Grande do Sul, provavelmente sofrerão mais com os impactos das mudanças climáticas, o que pode resultar em degradação e perda de habitats naturais, além de danos à infraestrutura. Variações de linha de costa são usualmente associadas a regiões de erosão severa, e o balanço sedimentar (BS) regional vem sendo apontado como o principal controlador dessa mudança costeira pelo IPCC. O litoral do estado do Rio Grande do Sul já apresenta setores com saldo sedimentar negativo de curto e longo prazo (ex. Farol da Conceição e Balneário Hermenegildo), o qual é apontado como a principal causa para a erosão atual no litoral gaúcho. Neste contexto, e considerando a elevação projetada do nível médio do mar (NMM), uma maior acurácia nas estimativas das forçantes que influenciam a resposta costeira a longo prazo é essencial para prever cenários futuros com confiança. Este trabalho propõe mensurar e aumentar a compreensão sobre o balanço sedimentar de 3 células costeiras em diferentes escalas temporais no litoral médio do Rio Grande do Sul: Célula 1 (Estreito); Célula 2 (Conceição); Célula 3 (Mostardas); a fim de simular a resposta costeira à elevação do NMM para os anos de 2039, 2049, 2074 e 2124. Foram utilizadas imagens de satélite com resoluções de 3 a 5 m/px (2009-2022) e ortomosaicos e modelos de elevação com resolução de 0,015 m/px (2022- 2023) para as análises de variação da linha de costa de médio e curto prazo 15 respectivamente. Os valores de balanço sedimentar foram calculados de forma determinística, utilizando o recuo encontrado em curto e médio prazo para calibrar a modelagem inversa utilizando o modelo computacional Shoreface Translation Model (STM). Posteriormente, os valores calculados foram utilizados nas simulações de resposta costeira através da versão estocástica do mesmo modelo, o Random Shoreface Translation Model (RanSTM). Através das estimativas de BS todos os valores resultantes foram negativos. A célula 1, historicamente localizada em uma área de comportamento transicional, mostrou uma diminuição na taxa de recuo costeiro até 2074, e um aumento considerável em 2124. Enquanto a célula 2, anteriormente caracterizada por erosão severa, apresentou uma redução na taxa até 2074, e posteriormente um leve aumento em 2124. A célula 3, com os valores de SB menos erosivos, manteve uma taxa constante de recuo em todos os cenários projetados, além do menor recuo total para 2124. Esse comportamento das células até 2074 destaca a influência do BS nos cenários em que o NMM sobe de forma lenta, enquanto a mudança no comportamento em 2124 aponta o controle do NMM a longo prazo quando taxas maiores serão alcançadas. As projeções de longo prazo apontaram para uma inversão nos padrões históricos deposicionais, ficando evidente a influência das variações longitudinais no espaço de acomodação disponível na antepraia adjacente entre as células avaliadas. 

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