Variabilidade sazonal da energia cinética turbulenta associada à Corrente do Brasil entre 22°S e 28°S
Autor: Lucas da Silva Salimene (Currículo Lattes)
Resumo
A Corrente do Brasil (CB) é a corrente de contorno oeste (CCO) do Giro Subtropical do Atlântico Sul, formada pela bifurcação da Corrente Sul-Equatorial e influenciada por padrões sazonais desde sua origem. A CB desempenha papel fundamental no transporte meridional de calor e outras propriedades em direção às regiões polares e é caracterizada por intensa atividade de mesoescala, representada por vórtices e meandros, que constituem estruturas altamente energéticas. Essa atividade é modulada pela variabilidade sazonal da corrente, a qual tende a se enfraquecer no inverno e a se intensificar entre a primavera e o verão. Nesse contexto, o presente estudo investiga a variabilidade sazonal da Energia Cinética Turbulenta (ECT) associada ao campo médio da CB, com foco na região do Embaiamento Sul Brasileiro. Esta região é marcada por elevada atividade de mesoescala em razão da mudança na orientação da linha de costa após a passagem da CB por Cabo Frio. Foram utilizadas saídas numéricas do modelo de circulação oceânica global OFES (Ocean General Circulation Model for the Earth Simulator), cujo campo médio foi calculado por meio de uma média móvel, possibilitando a definição sazonal do jato da CB. Três transectos situados em áreas de intensa atividade de mesoescala (Cabo de São Tomé, Cabo Frio e Santos) foram definidos para investigar a estrutura vertical da corrente. A análise concentrou-se nos processos físicos responsáveis pela conversão de energia entre o escoamento médio e o campo turbulento. Os resultados indicam que a variabilidade sazonal da ECT na CB apresenta padrões similares aos observados em outras CCOs. A distribuição espacial da ECT é heterogênea, com maiores médias encontradas no verão nas regiões de Cabo de São Tomé e Cabo Frio, e no inverno na região de Santos, concentrando-se na camada superficial (0-300 m). A instabilidade barotrópica se destacou como a principal via de geração de ECT na região, apresentando elevado coeficiente de correlação com os picos sazonais de ECT, enquanto o Fluxo Turbulento Vertical de Densidade apresentou os seus maiores valores nas camadas mais profundas (100-300 m), embora com magnitude inferior ao termo de Conversão Barotrópica. O Trabalho Turbulento do Vento, apesar de apresentar correlação fraca com a ECT, indicou que sua intensificação coincide com o aprofundamento da camada de mistura. Conclui-se, portanto, que a variabilidade sazonal da ECT, na região de estudo, é predominantemente controlada pela instabilidade barotrópica, com contribuições secundárias dos processos de instabilidade baroclínica.